Evolução das exportações de carne bovina coincide com a melhoria da qualidade de carne para o consumidor brasileiro

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Em pouco mais de 20 anos, a quantidade de carne bovina não fiscalizada caiu de 50% para menos de 22%

Algumas particularidades da produção pecuária dificultam a percepção dos avanços que ocorrem ao longo da cadeia produtiva.

Além de ser uma atividade de ciclo longo, a pecuária também carrega o ônus de ter sido a escolhida para a ocupação do território brasileiro. Essa escolha foi intuitiva, consequência da falta de infraestrutura e da possibilidade de conduzir a produção pelo interior do país, que não contava com estradas e pontes. A produção pecuária se locomove, e assim o fez através das comitivas.

Juntamente com a agricultura, a pecuária começou a ser organizar a partir a estabilidade econômica, conquistada com o plano Real em meados da década de 1990.

O processo foi lento, abrangendo melhoria na qualidade da carne, fluxo logístico, produção, redimensionamento dos estoques de bovinos e pastagens e profundas mudanças na estrutura empresarial ao longo da cadeia produtiva.

Quem acompanha a pecuária, reconhece as profundas diferenças entre a estrutura frigorífica da década de 1990 e dos dias atuais.

Um dos grandes ganhos que houve nesse período é com relação à segurança dos alimentos.

Em 1997, estima-se que cerca de 50% da carne bovina era de origem não fiscalizada. O montante soma a quantidade de carne bovina abatida clandestinamente, que chega ao mercado sem nenhum controle sanitário, a carne sonegada e a carne produzida para consumo nas próprias fazendas.

Em 2019, a proporção de carne não fiscalizada caiu para menos da metade do que era na da década de 1990. Atualmente pouco menos de 22% da carne não é fiscalizada. A tendência é que cada vez mais o abate fiscalizado aumente sua proporção no total.

No mesmo período, as exportações aumentaram quase 12 vezes, saindo de 160 mil toneladas em 1997 para 1,86 milhão de toneladas métricas em 2019. O faturamento das exportações do setor, em dólares, saltou de cerca de US$460 milhões para US$7,6 bilhões entre 1997 e 2019.

Em Reais, corrigidos pelo IGP-DI, as exportações aumentaram de R$2,6 bilhões (1997) para R$30,7 Bilhões em valores de hoje.

O estímulo com as exportações fortaleceu a indústria fiscalizada pelo sistema federal. Em 22 anos, a produção de carne fiscalizada com maior rigor pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e abastecimento passou de 2,5 milhões de toneladas para 6,2 milhões de toneladas, um aumento de 140%. A produção total de carne no período aumentou 60%.

E os ganhos não se resumem apenas à fiscalização e controle sanitário no abate. Estima-se que entre 60% a 70% da produção de carne bovina com fiscalização federal já seja desossada na própria indústria.

Com a desossa e embalagem na própria indústria, o risco de contaminação no processo todo até chegada ao consumidor se reduz, pois diversas etapas de manipulação da carne serão suprimidas, além de melhorar a qualidade de refrigeração e risco de contaminação durante o fluxo da indústria ao consumidor.

Mesmo nas grandes redes que ainda mantém açougues com manipulação local, é importante lembrar que a carne chega embalada no estabelecimento. Lá o atendente desembala e porciona os cortes de acordo com o gosto dos clientes.

Na produção de carne bovina, segurança alimentar e segurança nos alimentos são dependentes do sucesso das exportações, que permitem melhor rentabilidade para a indústria e produtores, sem que os preços sejam integralmente repassados ao consumidor.

A análise, encomendada pela Abiec, foi feita pela Athenagro Consultoria.

 

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